RITOS MAÇÔNICOS

04/10/2012 21:21

A palavra rito é um substantivo masculino, do latim: ritus, designa o Cerimonial próprio de um culto, determinado pela autoridade competente; a ordenação de qualquer Cerimônia.

Sempre existiram dezenas de Ritos maçônicos, com muitos deles já desaparecidos, pois, embora a estrutura doutrinária não apresente diferenças palpáveis entre eles, podem ser distinguidas diferenças motivadas por diferente interpretação de fatos históricos, por diferenças de análise do esoterismo básico, por influências religiosas, sociais e políticas e, até, por situação geográfica. Isso, longe de mostrar um enfraquecimento, ou uma divisão, sugere, mais, a grande riqueza moral e intelectual da ciência maçônica, que possibilita diversas correntes de pensamento, as quais acabam convergindo para um ponto comum, segundo a doutrina da Maçonaria (José Castellani).

No Grande Oriente do Brasil são praticados seis ritos maçônicos: Adoniramita ou Adonhiramita, Brasileiro, Escocês Antigo e Aceito, Moderno ou Francês, Schröeder (Alemão), e o York (Inglês):

 

RITO ADONHIRAMITA

O RITO ADONHIRAMITA nasceu de uma polêmica entre ritualistas em torno de Hiram Abif, chamado de ADON-HIRAM (Senhor Hiram) e ADONHIRAM, o preposto das corvéias, depois da construção do Templo de Jerusalém, de acordo com os textos bíblicos.

O rito, depois de uma época de grande difusão, acabou desaparecendo.

Todavia, no Brasil (onde foi o primeiro rito praticado), ele permaneceu, fazendo com que o país seja hoje o centro do rito, que teve seus graus aumentados de treze para trinta e três.

O Rito Adonhiramita é deísta.

 

RITO BRASILEIRO

O RITO BRASILEIRO teria sido criado em 1878, em Pernambuco, mas tem sua existência legal a partir de 23 de dezembro de 1914, quando foi publicado o Decreto nº. 500, do então Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, Lauro Sodré, fazendo saber que, em sessão do Conselho Geral da Ordem havia sido aprovado o reconhecimento e incorporação do Rito Brasileiro entre os que compunham o Grande Oriente do Brasil.

Depois o Rito desapareceria, para ressurgir em 1940 e novamente em 1962, praticamente desaparecer, até que em 1968, o Decreto nº. 2.080, de 19 de março de 1968, do Grão-Mestre Álvaro Palmeira, renovava os objetivos do Ato nº. 1617 de 3 de agosto de 1940, como o marco inicial da efetiva implantação do Rito Brasileiro.

A partir daí, o rito teve grande crescimento no país.

 

RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO

 

O Rito Escocês Antigo e Aceito começou a nascer na França, quando Henriqueta de França, viúva de Carlos I, decapitado em 1649, por ordem de Cromwell, aceitou do Rei Luís XIV asilo em Saint-Germain-en-Laye, para lá se retirando com seus regimentos escoceses e irlandeses e os demais membros da nobreza, principalmente escocesa, que passaram a trabalhar pela restauração do trono, sob a cobertura das Lojas, das quais eram membros honorários, o que evitava que os espiões de Cromwell pudessem tomar conhecimento da conspiração.

Consta que Carlos II, ao se preparar para recuperar o trono, criou um regimento chamado de Guardas Irlandeses, em 1661. Esse regimento possuía uma Loja, cuja constituição dataria de 25 de março de 1688 e que foi a única Loja do século XVII cujos vestígios ainda existem, embora os stuartistas católicos devam ter criado outras Lojas.

O termo “escocês”, já a partir daquela época, não designava mais uma nacionalidade, mas o partido dos seguidores dos Stuarts, escoceses em sua maioria.

Assim, após a criação da Grande Loja de Londres, em 1717, existiam na França dois ramos maçônicos : a Maçonaria escocesa e stuartista, ainda com Lojas livres, e a inglesa com Lojas ligadas à Grande Loja.

A Maçonaria escocesa, mais pujante, resolveu, em 1735, escolher um Grão-Mestre, adotando o regime obediencial, o que levaria à fundação da Grande Loja da França (Grande Oriente de 1772), embora esta designação só apareça em 1765.

O escocesismo, na realidade, só se concretizou com a introdução daquilo que seria a sua característica máxima, os Altos Graus, através de uma entidade denominada “Conselhos dos Imperadores do Oriente e do Ocidente”.

Este Conselho criou o Rito de Héredom, com 25 graus, o qual, incorporado ao escocesismo, deu origem a uma escala de 33 graus, concretizada do primeiro Supremo Conselho do Rito em todo mundo.

O REAA, por ter sido um rito deísta, não foi unanimemente aceito nos países onde predominavam as Igrejas Evangélicas e vicejou mais nos países latinos onde predomina o Catolicismo.

É necessário explicar que atualmente o caráter deísta do Rito Escocês Antigo e Aceito misturou-se ao teísmo, sendo que este acabou sendo predominante.

O REAA tem o mesmo forte caráter teísta do Rito de York.

 

RITO MODERNO
 

O RITO MODERNO, criado em 1761, foi reconhecido pelo Grande Oriente da França em 1773.

A partir de 1786, quando um projeto de reforma estabeleceu os sete graus do rito – em contraposição ao emaranhado dos Altos Graus da época, ele teve grande impulso espalhando-se por toda a França, pela Bélgica, pelas colônias francesas e pelos países latino-americanos, inclusive pelo Brasil.

Já no início do século XIX, o Grande Oriente do Brasil – primeira Obediência brasileira – foi fundada em 1822, adotando o Rito Moderno, antes do Rito Escocês que só seria introduzido em 1832.

Em 1817 houve a grande reforma doutrinária que suprimiu a obrigatoriedade da crença em Deus e da imortalidade da alma, não como uma afirmação do ateísmo, mas por respeito à liberdade religiosa e de consciência, já que as concepções religiosas de uma pessoa devem ser de foro íntimo, não devendo ser impostas.

O Grande Oriente da França, que acolheu a reforma, queria demonstrar com isso o máximo de escrúpulos para com os seus filiados, rejeitando toda e qualquer afirmação dogmática.

Essa atitude provocou uma rápida reação da Grande Loja Unida da Inglaterra que rompeu com o Grande Oriente da França. O caso envolveu não apenas uma questão doutrinária como ainda político-religiosa.

 

RITO SCHROEDER

Criado por Frederick Louis Schoröeder, em 1766 na Alemanha, com a ideia de a Maçonaria conter apenas as suas características fundamentais iniciais, sem nenhum acréscimo. Estudou muito as origens maçônicas para compor este rito. Os Rituais de Schröder foram aprovados em 1801 pela Assembleia dos Veneráveis Mestres da Grande Loja de Hamburgo, Alemanha, sendo praticados por alemães e seus descendentes em diversos países. No Brasil, com a colonização germânica no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, o Rito estabeleceu-se inicialmente no idioma Alemão. Mais tarde foi traduzido para o Português e hoje é reconhecido pelas Grandes Lojas Estaduais-CMSB, pelo G. O. B. e pelos Grandes Orientes Estaduais Independentes – COMAB.

O Ir.. Schröder entendia a Maçonaria como uma união de virtudes e não, uma sociedade esotérica. Por isso, enfatizou no seu Ritual o ensinamento dos valores morais e a difusão do puro espírito humanístico, dentro do verdadeiro amor fraternal. Preservando a importância dos símbolos e resgatando o princípio que afirma ser “a verdadeira Maçonaria a dos Três Graus de São João”. Pelo seu trabalho e exemplo, o Ir.. Schröder é venerado e respeitado hoje, como no passado, sendo homenageado pelas antigas Lojas alemãs e por Lojas e Irmãos de todo o mundo. O Rito Schröder apresentou expressivo crescimento a partir de 1995, quando havia cerca de 14 Lojas no Brasil. Por utilizar um Templo simples, com poucos paramentos e cargos, torna-se muito mais fácil “trabalhar” em uma Oficina Schröder. Tudo isso contribui para aumentar o número de Oficinas que adotam o Rito. Atento a este movimento, o G. O. B. criou em 1999 o cargo de Grande Secretário Geral de Orientação Ritualística-Adjunto para o Rito Schröder, não por acaso, ocupado por um dos integrantes do Colégio de Estudos.

Alguns aspectos principais chamam a atenção de todos os Irmãos que entram em contato com o Rito: a simplicidade da Liturgia, que em nada diminui sua beleza e profundidade; as palavras amáveis do V.M. ao iniciando e aos Irmãos; a valorização das qualidades morais do homem; o estímulo ao autoconhecimento.

 

RITO DE YORK

 

O RITO DE YORK (“EMULATION WORK”) é considerado bastante antigo.

A Grande Loja de Londres, durante muito tempo após a sua fundação, teve uma influência muito limitada, pois a grande maioria das Lojas britânicas continuava a respeitar as antigas obrigações, permanecendo livres sem aderir ao sistema obediencial.

O centro de resistência à Grande Loja era a antiga Loja de York, de grande tradição operativa e que dava aos membros da Grande Loja o título de “Modernos”, enquanto eles próprios se autodenominavam “Antigos”, pelo respeito às antigas leis.

O que os Antigos censuravam nos Modernos era a descristianização dos rituais, a omissão das orações e da comemoração dos dias santos, contrariando assim os mandamentos da Santa Igreja (Anglicana).

O cisma entre os Antigos e Modernos durou até 1813, quando as duas Grandes Lojas fundiram-se formando a Grande Loja Unida da Inglaterra, que adotava o Rito dos Antigos de York.

A Constituição desse Supremo Órgão foi publicada em 1815.

O rito não possui Altos Graus, tendo além dos três simbólicos, uma quarta etapa designada de “Real Arco”, que é considerada uma extensão do Mestrado.

O Rito de York, por ser teísta, está mais ligado aos países onde os cultos evangélicos predominam, pois o clero desses cultos tem dado à Maçonaria o apoio e o suporte necessário para a sua evolução e crescimento.