O BODE NA MAÇONARIA

09/08/2011 22:58

Dentro da nossa organização, muitos desconhecem o nosso apelido de bode. A origem desta denominação data do ano de 1808. Porém, para saber do seu significado temos necessidade de voltarmos no tempo. Por volta do III ano d.C. vários Apóstolos saíram para o mundo a fim de divulgar o cristianismo. Alguns foram para o lado judaico da Palestina. E lá, curiosamente, notaram que era comum ver um judeu falando ao ouvido de um bode, animal muito comum naquela região. Procurando saber o porquê daquele monologo foi difícil obter resposta. Ninguém dava informação, com isso aumentava ainda mais a curiosidade dos representantes cristãos, em relação aquele fato. Até que Paulo, o Apóstolo, conversando com um Rabino de uma aldeia, foi informado que aquele ritual era usado para expiação dos erros. Fazia parte da cultura daquele povo, contar alguém da sua confiança, quando cometia, mesmo escondido, as suas faltas, ficaria mais aliviado junto a sua consciência, pois estaria dividindo o sentimento ou problema.

Mas por que bode? Quis saber Paulo. É por­que o bode é seu confidente. Como o bode nado fala, o confesso fica ainda mais seguro de que seus segredos serão mantidos, respondeu-lhe o Rabino. A Igreja, trinta e seis anos mais tarde, introduziu, no seu ritual, o confessionário, juntamente com o voto de silêncio por parte do padre confessor - nesse ponto a história não conta se foi o Apóstolo que levou a idéia aos seus superiores da Igreja, o certo é que ela faz bem à humanidade, aliado ao voto de silêncio, o povo passou a contar as suas faltas.

Voltemos em 1808, na França de Bonaparte, que após o golpe dos 18 Brumários, se apresentava como novo líder político daquele país. A Igreja, sempre oportunista, uniu-se a ele e começou a perseguir todas as instituições que não governo ou a Igreja. Assim a Maçonaria que era um fator pensante, teve seus direitos suspensos e seus Templos fechados; proibida de se reunir. Porém, irmãos de fibra na clandestinidade, se reuniram, tentando modificar a situação do país. Neste período, vários Maçons foram presos pela Igreja e submetidos a terríveis inquisições. Porém, ela nunca encontrou um covarde ou delator entre os Maçons. Chegando a ponto de um dos inquisidores dizer a seguinte frase a seu superior: - “Senhor este pessoal (Maçons) parece BODE, por mais que eu flagele não consigo arrancar-lhes nenhuma palavra”. Assim, a partir desta frase, todos os Maçons tinham, para os inquisidores, esta denominação: “BODE” - aquele que não fala, sabe guardar segredo.

                                                                     (José Castellani)

 

Adendo do Ir.'. H. Teodoro:

A figura do bode tem destaque, na verdade, no campo religioso, mais especificamente no Judaísmo veterotestamentário, com os bodes implicados no ritual de expiação de pecados, no "Dia da Expiação", como lemos no capítulo 16 do Livro do Levítico (terceiro livro do Antigo Testamento): a cerimônia, além de um novilho e um cordeiro, requeria também dois bodes, um a ser sacrificado, e o outro como "bode emissário" (de onde surgiu o famoso "bode expiatório), o qual, após a confissão de pecados feita pelo Sacerdote em nome de todo o povo com as mãos sobre a cabeça do animal, era levado ao deserto e ali deixado, simbolizando, assim, que os pecados eram "banidos".

Com o posterior surgimento e desenvolvimento do Cristianismo, especialmente nos períodos de implantação da fé cristã entre os povos que praticavam suas antigas religiões, defrontavam-se os cristãos com deuses representados de várias formas, inclusive como seres com chifres, como o deus dos celtas, servido pelos druídas, que era conhecido como "O Chifrudo" (isso não significava que os adoradores o considerassem um demônio) e o deus grego "Pan", um fauno, um bode. Como os cristãos consideravam os deuses desses povos como demônios, passsou-se, com o tempo, a identificar os demônios com seres mitológicos providos de chifres, e o bode como sua representação, e, por associação de idéias, um bode preto, já que a cor branca era símbolo de inocência, pureza, paz, etc, e o preto seria o contrário, mas nada disso tinha ou tem um fundo teológico ou bíblico, pois nada há a respeito, senão mitos e superstições. Logo, a figura do bode estava ligada à expiação de pecados e não a qualquer culto demoníaco.

O texto do Levítico (16, 5.7-10.15.20-22) é o seguinte:

E da congregação dos filhos de Israel tomará dois bodes para expiação do pecado e um carneiro para holocausto.Também tomará ambos os bodes, e os porá perante o SENHOR, à porta da tenda da congregação.E Arão lançará sortes sobre os dois bodes; uma pelo SENHOR, e a outra pelo bode emissário. Então Arão fará chegar o bode, sobre o qual cair a sorte pelo SENHOR, e o oferecerá para expiação do pecado.Mas o bode, sobre que cair a sorte para ser bode emissário, apresentar-se-á vivo perante o SENHOR, para fazer expiação com ele, a fim de enviá-lo ao deserto como bode emissário.Depois degolará o bode, da expiação, que será pelo povo, e trará o seu sangue para dentro do véu; e fará com o seu sangue como fez com o sangue do novilho, e o espargirá sobre o propiciatório, e perante a face do propiciatório.Havendo, pois, acabado de fazer expiação pelo santuário, e pela tenda da congregação, e pelo altar, então fará chegar o bode vivo.E Arão porá ambas as suas mãos sobre a cabeça do bode vivo, e sobre ele confessará todas as iniqüidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, e todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e enviá-lo-á ao deserto, pela mão de um homem designado para isso.Assim aquele bode levará sobre si todas as iniqüidades deles à terra solitária; e deixará o bode no deserto.”