A Ciência e a Idéia de Deus

20/01/2012 14:36

    ATEU, GRAÇAS A DEUS                   


    Embora negue a existência de Deus, que substitui pelo acaso, a preocupação preponderante do ateu é sempre Deus, cuja inexistência pretende demonstrar.
    O matemático, físico e astrônomo francês Pierre Simon de Laplace (1749-1827), durante a entrega de seu famoso livro “Mecânica Celeste” ao imperador Napoleão Bonaparte, foi por este argüido: “Onde o senhor coloca em sua teoria a presença de Deus?”. O cientista, então, replicou-lhe com a famosa frase: “Senhor, não tenho necessidade dessa hipótese”.
    A resposta de Laplace é a que sustenta a posição atéia do dogma do “acaso criador”, que nega a existência de uma inteligência suprema, causa primária de todas as coisas, que os maçons chamam de Grande Arquiteto do Universo.
    Por outro lado, o não menos célebre cientista britânico Isaac Newton (1642-1727), usando da mesma lógica da razão, já havia criado um argumento que derrubava o raciocínio de Laplace.
    Newton pedira a um hábil mecânico fazer-lhe réplica em miniatura do nosso sistema solar, com todos os planetas girando harmonicamente em torno do sol, pelo acionamento de uma pequena manivela, imitando com perfeição o que ocorre na realidade.
    Quando recebeu a visita de um colega cientista, ateu, percebeu que este ficou atônito com aquela maravilha.
    Perguntando a Newton quem a havia construído, obteve com resposta:
“Ninguém, isso apareceu aí por acaso”.
    Na verdade, a ciência revela Deus. “Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima”. Esta é uma afirmação genial de Louis Pasteur e, de fato, profundos conhecedores da ciência estão próximos de Deus, haja vista Albert Einstein, que dizia perceber “Um Poder Supremo” em todas as coisas do Universo.    
O Universo, com suas leis imutáveis, é obra que transcende a mais genial inteligência humana.
    Como todo efeito tem uma causa, é forçoso admitir ser a do Universo- que não é obra do homem- advinda de uma sabedoria, de uma prudência e de uma previdência que superam todas as faculdades humanas: Deus.
    A ciência estuda as leis que regem o Universo. Mas, quem estabeleceu essas leis? O acaso?
    Um “acaso inteligente” não seria mais acaso. Só se o acaso for o outro nome de Deus...
    A realidade de Deus não depende da nossa crença, das nossas concepções, do nosso endosso.
    A realidade da luz independe da possibilidade de um cego vê-la!

                A incompatibilidade entre a idéia científica e a idéia de Deus

    A aparente incompatibilidade decorre do fato de essas idéias terem sido incorretamente interpretadas, gerando um exclusivismo rígido de ambas as partes, com intolerância mútua.
    A harmonia do Universo por si só fala da existência de Deus.
    Deus é a Causa Única e infinita do Universo, que se revela em vários efeitos finitos: matéria, energia, luz, vida, amor, inteligência etc.
    É lógico que a ciência não pode admitir um Deus antropomórfico, dogmático, “pessoal”, limitado, finito, cheio de caprichos e sentimentos de simpatia e antipatia, análogo aos dos homens. Isso seria a negação do Deus, do Grande Arquiteto do Universo, que estabeleceu e mantém a harmonia cósmica.
    Como admitir um Ser que, tendo de ser perfeito, nos seja apresentado como parcial, possuindo “preferências” e “preferidos”?...   

                O Grande Arquiteto

    O conceito de um Grande Arquiteto constitui o princípio cardeal da Maçonaria, tanto que todos os trabalhos maçônicos são feitos “À Sua Glória”.
    Todo candidato ao Ingresso à Ordem declara crer na existência de um Princípio Criador, seja qual for o nome que se lhe dê. Não se trata, portanto, de um ateu.
    Com a iniciação, ingressamos gradual e progressivamente na certeza intuitiva desse Princípio, na medida em que nossos olhos espirituais se abrem à luz maçônica, sem que nenhuma opinião ou crença sectária seja imposta ao iniciado.
    Aos poucos, o maçom passa a cooperar com o Plano do Grande Arquiteto, na construção de um Templo da Humanidade, voltado ao bem estar social, e de um Templo Interno, para sua evolução espiritual.
    A Maçonaria, de acordo com sua própria Constituição, “(...) proclama a prevalência do espírito sobre a matéria. Pugna pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da Humanidade, por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada da beneficência e da investigação constante da verdade (...)”.
   
                 Espírito e Matéria
    
    Admitimos, portanto, haver no homem um princípio inteligente, que se chama ALMA ou ESPÍRITO, independente da matéria, e que lhe dá o senso moral e a faculdade de pensar.
    A matéria bruta, inerte, não pensa, não tem faculdades afetivas ou morais, que são funções do espírito. Os órgãos corpóreos, materiais, são tão-somente, instrumentos de que o espírito se vale para se manifestar.
    Se as nossas qualidades morais, intelectuais e afetivas fossem, segundo julgam os ateus ou os materialistas, “uma secreção” do cérebro, como a bílis o é do fígado, morto o corpo, seriam elas reduzidas a nada; todos os nosso vínculos afetivos ficariam perdidos irremediavelmente; o mérito do desenvolvimento de nossas capacidades e de nossas aptidões inatas de nada valeria, porque tudo dependeria do acaso. A diferença entre um Mozart, compondo com a idade de 7 anos, um Pascal, matemático aos 12 anos, e um imbecil seria apenas de mais ou menos substância cerebral...   
    Tudo terminando com a morte, o homem, nada esperando depois desta vida, nenhuma motivação teria em construir o Templo Espiritual. Não abdicaria de nenhuma forma de prazer momentâneo, mesmo em detrimento dos demais. E, se o “acaso” lhe trouxesse a adversidade, a melhor solução seria o suicídio, com a vantagem de abreviar o tempo de sofrimento.
    A Maçonaria nos facilita, sem “dogmas religiosos”, com o uso da razão e de critérios científicos, assumir a realidade de um Ser supremo, como única resposta possível para as questões relativas à existência do Mundo e do Homem.
    E, graças a Deus, pelo livre-arbítrio que nos concede, temos até a possibilidade de sermos ateus.

José Cássio Simões Vieira M.'.I.'. 33º
A.'.R.'.L.'.S.'. Theobaldo Varoli Filho